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Na edição de março, o artigo foi escrito por Ryuji Nakajima, Business Planning Research Section, do JBIC (Japan Bank for International Cooperation). Ele analisa o resultado da pesquisa sobre Investimentos Estrangeiros Diretos da Indústria Japonesa em 2023. O Brasil subiu de posição.
Resultado da 35ª Pesquisa sobre Investimentos Estrangeiros Diretos da Indústria Japonesa em 2023
Por Ryuji Nakajima
Business Planning Research Section
JBIC (Japan Bank for International Cooperation)
Principais resultados da pesquisa
O Japan Bank for International Cooperation (JBIC) apresentou o relatório da pesquisa sobre atividades comerciais das empresas japonesas do setor manufatureiro no exterior.
No levantamento deste ano, a Índia, que havia desbancado a China no ranking de países mais promissores, na pesquisa anterior, manteve a liderança pelo segundo ano consecutivo, ampliando a vantagem sobre o país asiático. A grande diferença é que, desta vez, 45,8% das empresas que consideram a Índia como um mercado promissor, responderam que possuem planos de investimentos novos ou adicionais no mercado indiano. Essa taxa representa um aumento de 8,3 pontos em relação ao resultado anterior, mostrando que o país está deixando de ser apenas um destino atraente mais por causa das imagens positivas para se tornar um mercado realmente promissor.
A China, que foi superada pela Índia na edição anterior, sofreu uma queda de quase 10 pontos percentuais e caiu para o terceiro lugar, devido ao aumento de vários fatores preocupantes como a desaceleração econômica e a tensão prolongada contra os EUA. Esse resultado pode ser visto como uma tendência das empresas de reduzir dependência da China.
Os EUA, por sua vez, receberam uma boa avaliação das empresas em termos de potencial e possibilidades futuras, mas perderam pontos por causa do aumento dos custos com a mão-de-obra e outros fatores. A redução na parcela de votos dos EUA e da China foi distribuída entre os principais países da ASEAN, o México e outros países.
O Vietnã, que ocupou o segundo lugar no ranking pela primeira vez, subiu de posição favorecido pela redução drástica de pontos conquistados pelos EUA e pela China. O número de votos de Vietnã ficou quase no mesmo nível da pesquisa anterior, indicando que o país já se consolidou como um mercado para empresas japonesas instalar sedes de produção. O resultado deste ano mostra as expectativas das empresas nipônicas com o potencial do país para se tornar o novo destino de recursos retirados do da China.
*Para o levantamento deste ano fiscal, enviamos questionários em julho de 2023 e coletamos as repostas em setembro do mesmo ano. Das 987 companhias às quais foi enviado o questionário, 534 responderam, o que representa uma taxa de resposta de 54,1%.
(O gráfico 1 mostra o resultado da votação na qual as empresas escolheram os países ou regiões que consideram mais promissores para médio prazo)
Posição do Brasil no ranking de países promissores
O Brasil ficou em 11º lugar, subindo duas posições em relação ao levantamento anterior, com 4,3% de votos (0,2 ponto percentual acima do resultado anterior).
Entre as empresas que responderam, 51 mantinham sedes de produção no Brasil. Os principais ramos de atividades delas eram os setores químico (11 empresas), automobilístico (10 empresas), eletroeletrônicos (6 empresas) e maquinário industrial em geral (6 empresas). Havia 61 empresas que possuíam pontos de venda no Brasil, superando novamente o número das que mantêm sedes de produção.
Entre os principais motivos para considerar o Brasil como um país promissor, o mais votado foi “potencial de crescimento do mercado” (64,7%), seguido por “tamanho atual do mercado” (58,8%), o que mostra uma firme expectativa dos investidores em relação ao grande potencial do mercado brasileiro (gráfico 2). No quesito sobre desafios enfrentados no Brasil, o percentual de votos dos itens como “falta de transparência na aplicação da legislação” e “complexidade do sistema fiscal” apresentou queda em relação ao levantamento anterior, indicando melhoria do ambiente de negócios para empresas japonesas interessadas em entrar no mercado brasileiro. Por outro lado, vale lembrar que há outros itens, como “concorrência acirrada” e “aumento de custos com a mão de obra”, que tiveram percentual maior em relação à pesquisa anterior.
No ranking de países e regiões considerados mais promissores para longo prazo (próximos dez anos), o Brasil subiu de uma posição em relação ao levantamento anterior, ocupando o 10º lugar (gráfico 4).
Entre as empresas que votaram no Brasil, as da indústria química representam a maior parcela, indicando que a demanda por agrotóxicos vem mostrando estabilidade no país, que é o maior consumidor desses produtos no mundo, além de ter área plantada de principais produtos agrícolas em crescimento.
(O gráfico 2 mostra evolução dos resultados de enquete sobre os motivos para considerar o Brasil como um país promissor)
(O gráfico 3 mostra evolução dos resultados da enquete referente aos desafios enfrentados pelas empresas japonesas no Brasil)
(O gráfico 4 mostra o resultado da votação na qual as empresas escolheram os países ou regiões que consideram mais promissores para longo prazo)
Os pontos fortes do Brasil
O Brasil é o país com a maior população da América do Sul. A economia brasileira vem seguindo ritmo de recuperação no pós-pandemia (taxa de crescimento econômico deste ano fiscal estava estimada em 3,08%, em outubro de 2023, de acordo com o FMI) e a idade média da população brasileira é de 35 anos (em 2022). Considerando esses fatores, o Brasil pode ser visto como um mercado em crescimento, do ponto de vista econômico e demográfico.
Como um dos países integrantes do Sul Global, que deve impulsionar a economia mundial no futuro, o Brasil tem um mercado com potencial de crescimento capaz de atrair investimentos estrangeiros, além de contribuir, como país-sede da COP30 em 2025, para acelerar iniciativas de combate às mudanças climáticas.
O Brasil é um dos maiores produtores agrícolas do mundo. Além da demanda pelos alimentos, a crescente procura pelos produtos agrícolas para outras finalidades, entre elas, produção de bioetanol, que vem ganhando cada vez maior importância no processo descarbonização global, poderá proporcionar oportunidades também para fabricantes japoneses de produtos químicos.
No setor automobilístico brasileiro, a mistura de etanol na gasolina é obrigatória. Desde 2015, a gasolina vendida no Brasil contém 27% de etanol. Recentemente, uma montadora japonesa anunciou que em breve começará a fabricar no Brasil veículos híbridos flex que podem funcionar com etanol, gasolina ou combustíveis mistos, e espera-se que esse processo se acelere ainda mais. Portanto, continuaremos acompanhar as tendências que surgirão no setor automotivo brasileiro.
Resultado completo da pesquisa: https://www.jbic.go.jp/ja/information/press/press-2023/press_00148.html