Boletim CCBJ

Vínculo humano que liga as pessoas

Por Yuichiro Kimoto

Presidente da Unidos Co., Ltd.

No Japão, temos a expressão “KIZUNA” que significa os laços e vínculos entre as pessoas. Mas o significado original era corda para amarrar o gado. Ao longo do tempo, a expressão kizuna foi ganhando outros significados e hoje, entre os japoneses é uma forma de expressão para um relacionamento forte – cheio de amor e respeito – entre famílias, amigos e todos. Porém, sinto que com as rápidas mudanças nos cenários econômico e social, nossas vidas parecem ter perdido um pouco este lado.

Nasci em Kobe, no Japão, em 1948, onde me formei em Administração de Empresas pela Universidade de Konan, começando a minha carreira profissional em uma seguradora, mas logo percebi que não era bem isso que eu queria.

Fui ao Brasil em 1973, com 24 anos, onde acabei ficando por 27 anos (até 1999), sem falar nada de português. O que inicialmente deveria ser uma viagem para conhecer um país diferente, influenciado por um grande amigo de tênis, fiquei apaixonado pelo país e pelas oportunidades que foram aparecendo, desde meu primeiro emprego em uma joalheria, passei pela lavoura, indústria de moda, tecelagem, parques de diversões, restaurante, entre outras atividades até chegar no Convênio Kyodai. Neste meio tempo, constitui minha família pela qual tenho 2 filhas brasileiras que ainda moram no Brasil.

Tinha 2 casas, uma no Japão e outra no Brasil e depois também no Peru. Diferentemente de hoje, naquela época era muito difícil e caro termos notícias dos familiares e amigos. Com isso sempre fiquei pensando em formas de como diminuir essa distância. Muito da necessidade de contato humano vem do que vivi e aprendi no Brasil, vendo um povo alegre, cheio de calor humano, extremamente receptivo, com capacidade de adaptação (jogo de cintura) e muita força interna (我慢), que foi muito importante para formar o ideal na cabeça de conectar o mundo e poder transmitir esses valores de cada local, no qual acordo todos os dias pensando em como realizar isso.

Voltei ao Japão em 2000, com a missão de reorganizar e transferir as operações da Kyodai do Peru para o Japão, para fazer frente as mudanças e desafios que estavam acontecendo no Japão e no mundo em relação as transformações nas relações trabalhistas, do crescimento da diversificação de povos imigrantes, nas demandas e necessidades para as operações de remessas de dinheiro e principalmente, construir uma base para um crescimento constante e sólido, para que servíssemos de “cola” (のり) para manter ligados os imigrantes no Japão com sua família nos países de origem.

Desde que entrei na empresa Unidos Co., Ltd. (Kyodai Remittance) tenho buscado fortalecer o relacionamento contínuo, forte e familiar com nossos colaboradores, clientes e parceiros. E temos usado o nosso serviço de remessas como essa “cola” para o fortalecimento da conexão entre os familiares, os amigos e as pessoas em qualquer lugar do mundo e a qualquer hora.

E a própria história da Kyodai reflete um pouco isso. Em 1989, as três maiores cooperativas Nikkeis no Peru, a Aelucoop, a Abaco e a Pacífico se uniram, a pedido da Embaixada do Japão no Peru, da Embaixada do Peru no Japão, da Associação dos Nikkeis no Exterior e da Sociedade Japão-Peru para fim de mitigar a ilegalidade, a insegurança, ações dos intermediários, os altos custos bancários e a baixa eficiência. O resultado foi a fundação do Convênio Kyodai para dar suporte aos peruanos no Japão a enviarem dinheiro do Japão para o Peru e logo depois também para os brasileiros.

E também isso foi fortalecido com a regulamentação das empresas de remessas, em 2010, pelo Ministério das Finanças, no qual tivemos papel relevante, que nos possibilitou formar várias alianças com instituições financeiras bancárias e não bancárias pelo mundo, onde estamos interligados com 160 países e no Japão com Japan Post Bank, Mizuho Bank, SMBC, MUFG, importantes bancos regionais e agora com o Lawson Bank, contando com suporte de colaboradores de 19 países em nossos escritórios e 18 agências no Japão e 4 escritórios no exterior para atender nossos clientes, nos dando uma capilaridade de mais de 40 mil pontos dentro do Japão e capacidade de atender os clientes 24 horas do dia durante 7 dias da semana.

Com o fruto do nosso trabalho e dedicação em tentar dar um maior conforto aos estrangeiros em várias formas de contribuição e suporte, conseguimos conquistar credibilidade e confiabilidade não somente junto ao Governo Japonês e suas principais instituições, mas também de governos de outros países e suas instituições, onde com muita nos honra sermos representantes da Associação Peruana Japonesa (desde 2015), do BUNKYO – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social (desde 2019) e recentemente, Consulado Honorário do Nepal, em Fukuoka (desde 2020).

Tive muita sorte ao longo desses anos pela oportunidade de encontrar várias pessoas que me ajudaram de algum modo na pessoa que sou hoje, no qual sou profundamente grato e que contam com meu maior respeito (感謝と恩返し). Por isso não vou citar nomes para não cometer o desrespeito de deixar de citar alguém.

Nosso valor fundamental é o espírito “KIZUNA”, que conecta tempos, lugares e pessoas para alcançar uma verdadeira conexão entre todos os familiares. E por isso, nosso slogan é: De FAMÍLIA Para FAMÍLIA e o cultivo das palavras para atingir este objetivo do Prof. Hidesaburo Kagiyama da Yellow Hat Ltd. que fala que 1) grandes esforços com pequenos resultados, 2) não se compare aos outros e foque no seu desenvolvimento, 3) não relute e siga seu caminho, 4) Ter foco no que almeja e não ter medo de colocar a mão na massa, 5) seja o mais justo, imparcial e transparente possível e 6) negativo com negativo, no final dará sempre positivo.

Fizemos, continuamos e tentaremos fazer o nosso melhor todos os dias, dedicando-nos totalmente para alcançar os nossos valores fundamentais e assim, ajudar a todos a conquistar algo melhor.

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