A CCBJ envia regularmente o boletim eletrônico aos associados. Na edição de outubro, o artigo foi escrito pelo diretor-presidente do Grupo Imai, Jorge Imai. Ele escreveu sobre a importância de um acordo bilateral entre o Brasil e o Japão.
Acordo bilateral entre o Brasil e o Japão
Por Jorge Imai
Diretor-presidente do Grupo Imai
Boa tarde, senhoras e senhores. Meu nome é Jorge Imai, representante do Grupo Imai, importadora e atacadista de produtos alimentícios processados do Brasil. Desde que meu avô emigrou para o Brasil e criou elos que ligam a nossa família com aquele país, nós sempre contamos com o apoio de muitas pessoas, incluindo a comunidade nikkei, que me ajudaram a chegar até onde estou nos dias de hoje. Graças a todos vocês, estamos comemorando o 70º aniversário da nossa companhia este ano. Gostaríamos de aproveitar esta oportunidade para agradecer a todos.
No início, a nossa empresa trabalhava com a exportação de produtos japoneses para o Brasil, conforme contava o presidente antecessor. Atualmente, estamos importando produtos alimentícios processados do Brasil, incluindo salgados,doces, bebidas, bebidas alcoólicas, alimentos engarrafados ou enlatados, temperos e alimentos congelados. Trabalhamos também com produtos da Europa e dos países como Estados Unidos, Vietnã, Filipinas e Nepal. Embora as matérias-primas não sejam nossa especialidade, gostaria de comentar, ainda que brevemente, sobre as relações comerciais entre o Japão e o Brasil, baseando-me nas informações que levantei através de pesquisas.
O Japão e o Brasil são parceiros comerciais importantes com uma longa história e laços fortes. Este ano se comemora o 115º aniversário da chegada dos primeiros imigrantes japoneses ao Brasil, a bordo do navio Kasato Maru que aportou em Santos, em 1908. Desde então, os descendentes de japoneses vêm contribuindo para a sociedade brasileira, promovendo intercâmbios cultural e econômico entre os dois países.
Atualmente, o Brasil abriga a maior comunidade nikkei do mundo com cerca de dois milhões de descendentes de japoneses.
As relações comerciais entre o Japão e o Brasil se desenvolveram rapidamente após o fim da Segunda Guerra Mundial. O Japão tem contribuído ativamente para o desenvolvimento da infraestrutura e da indústria do Brasil por meio de ajuda externa. O Brasil é um importante fornecedor de recursos para o Japão, que importa muitas matérias-primas brasileiras, incluindo minério de ferro, café, aves, soja e suco de laranja concentrado.
O Brasil, por sua vez, importa produtos industriais como automóveis e produtos elétricos do Japão. Pelo volume de comércio entre os dois países, que totalizou aproximadamente 1 trilhão de ienes em 2019, o Brasil é o maior parceiro sul-americano do Japão.
Além do comércio, o Japão e o Brasil também têm fortalecido parceria em áreas como investimentos e cooperação industrial. Os dois governos realizam reuniões regulares do Comitê para a Promoção do Intercâmbio Econômico e do Comitê Conjunto de Promoção do Comércio, Investimentos e Cooperação Industrial para discutir melhorias do ambiente de negócios e promoção do investimento. Por meio do Acordo de Ciência e Tecnologia, do Diálogo Brasil-Japão sobre Agricultura e Alimentos, os dois governos promovem a cooperação em uma ampla gama de campos, incluindo meio ambiente, energia, informações e comunicações, espaço e agricultura.
Ainda há iniciativas feitas pelas associações japonesas e entidades culturais, que promovem o ensino da língua nipônica e eventos relacionados à cultura japonesa em todo o Brasil. Além disso, existem outros canais como o Centro Cultural Japonês e a Fundação Japão São Paulo, pelos quais são mostrados vários elementos da cultura japonesa desde belas artes, artesanatos, fotografias, apresentações musicais, artes cênicas, vídeos até publicações. Por outro lado, no Japão é realizado anualmente o Festival Brasil no Parque Yoyogi, em Tóquio, que apresenta a diversidade da cultura brasileira, incluindo a gastronomia e o entretenimento.
O Japão e o Brasil vêm desenvolvendo uma parceria estratégica global baseada em uma longa história e em laços profundos. Como parceiros que confiam mutuamente, os dois países deverão seguir desfrutando de benefícios econômicos por meio do comércio e dos investimentos, contribuindo assim para a paz e a estabilidade na região e na comunidade internacional. Para isso, é importante reduzir as barreiras comerciais entre os dois países. Sabemos que o Japão e o Brasil estão discutindo atualmente um Acordo de Parceria Econômica (EPA) e um Acordo de Livre Comércio (FTA), e se esses acordos forem concretizados, o comércio e os investimentos entre os dois países deverão se fortalecer ainda mais, resultando no crescimento econômico e na criação de mais empregos. A redução de tarifas deve ocorrer também com alimentos processados, que comercializamos, e com matérias-primas, o que poderá aumentar a competitividade dos dois países em relação a outros que já têm acordos do gênero em vigor.
A população de nipo-brasileiros no Japão atingiu o pico de 350 mil habitantes, mas hoje diminuiu para cerca de 220 mil. Estou convencido de que o aumento dos negócios com o Brasil resultará na necessidade de formar mais profissionais para atuar nessa área, tornando a nossa comunidade tão competitiva quanto outros grupos de estrangeiros radicados no Japão.
Acredito que os dois países continuarão trabalhando em conjunto, seguindo o lema “progredir juntos, liderar juntos e inspirar juntos”, o que resultará na assinatura do acordo bilateral para se cooperar em busca do desenvolvimento mútuo, por meio do comércio e dos investimentos. Obrigado pela atenção.