A Semana da Mulher, realizada pelo Pavilhão Brasil, organizado pela ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), encerrou o ciclo de palestras com o seminário intitulado “Tecnologia e Arte no combate à violência contra mulheres”. O Brasil tem alguns avanços no que se refere a legislação contra o agressor e programas de habitação e transferência de renda em que a concessão maior é para mulheres.
O diretor do Pavilhão Brasil, Pablo Lira, fez a abertura dizendo que “vivemos num tempo em que artes visuaise tecnologia devem se unir em prol de justiça social e equidade de gênero”.
Legislação
A diplomata Carolina Saito, da Embaixada do Brasil no Japão, citou a Lei Maria da Penha, que desde 2006, atua para proteger mulheres contra violências doméstica, psicológica e econômica. Em 2015, a legislação incluiu o feminicídio (assassinato de mulher por discriminação ou menosprezo) como homicídio qualificado. Em 2023, entrou em vigor a Lei da Igualdade Salarial. Já em 2024, foi criado o Programa Dignidade Menstrual, para distribuir absorventes higiênicos para meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade social.
Algumas iniciativas incluem campanhas de informação e conscientização, como a publicação, em janeiro de 2024, da cartilha “Prevenção à Violência de Mulheres Brasileiras no Exterior”, que descreve os mecanismos de proteção e denúncia oferecidos pelo governo a nacionais fora do país, independentemente de sua situação migratória.
Arte
A artista visual Panmela Castro, presidente da Rede Nami, fez um depoimento emocionante no evento. Ela contou que foi espancada durante uma noite inteira pelo companheiro. Depois foi mantida em cárcare privado. “Ele engessou minha perna para não poder fugir. Naquela época, em 2004, não tinha celular. Fui resgatada pela minha mãe que me incentivou a denunciar”, lamentando que até hoje ele não foi preso. E esse foi o motivo pelo qual fundou a Rede Nami, organização sem fins lucrativos. Ela considera a Lei Maria da Penha uma das melhores do mundo para proteger a mulher contra violência.
Panmela Castro foi nomeada Jovem Líder Global pelo Fórum Econômico Mundial e listada pela Newsweek como uma das 150 mulheres que estão mudando o mundo. A entidade que ela lidera, Rede Nami, atua com oficinas de artes em escolas públicas, para promover mudanças estruturais na sociedade, usando a arte como ferramenta de comunicação para que mais pessoas saibam como lutar por seus direitos e construir uma sociedade mais justa. “De acordo com pesquisas, a violência contra a mulher acontece mais depois dos 20 anos. Assim, como forma preventiva, fazemos esse projeto para jovens do Ensino Médio”, falou, explicando que o trabalho consiste em estimular grafite entre os estudantes a fim de mostrar e debater sobre o assunto, tendo impactado mais de 200 mil pessoas no Brasil.
Ao final, o público pode conferir o teaser do filme “Grafite”, produzido por Panmela, que retrata a produção dessa arte a fim de valorizar as mulheres.
Carimbos
Panmela assinou carimbos feitos especialmente para a Semana da Mulher, no Pavilhão Brasil. Os visitantes recebiam um passaporte com espaços para cinco carimbos, representando animais fêmeas. As ilustrações feitas especialmente para a Expo 2025, conforme ela enalteceu, significa que as mulheres ou meninas podem ser o que quiserem, sem barreiras. Os animais são: arara, capivara, onça pintada, boto cor-de-rosa, e tamanduá que estão representados em profissões como arquiteta, trabalhos de cuidados, empreendedorismo, ativista do clima, etc.
Tecnologia
O evento mostrou a tecnologia aliada no combate à violência contra a mulher. Mateus de Lima, CEO da startup “Todas por Uma”, foi selecionado pela FORBES UNDER 30 como uma das seis pessoas mais influentes em tecnologia e inovação da atualidade. Ele é o único homem presente na agenda global do TED Women e foi reconhecido pela FORBES BLK como uma das principais lideranças negras do nosso tempo. O Todas Por Uma foi reconhecido internacionalmente no Web Summit 2024, em Lisboa, Portugal, como uma das tecnologias mais inovadoras do mundo, desempenhando um papel de grande relevância no combate à violência contra a mulher.
Ele explicou que se a mulher está sofrendo alguma agressão, basta balançar o celular que o aplicativo Todas por Uma é acionado, com localização da pessoa em tempo real. Assim, a pessoa que ela registrou para ser comunicada em situação de risco recebe um aviso. Ele também criou um objeto semelhante ao pó de arroz muito usado pelas mulheres, mas que na verdade é o aplicativo secundário se o agressor quebrar o celular da vítima.
O aplicativo também mostra com cores os locais de perigo para mulher. “Nosso trabalho já salvou mais de 15 mil mulheres em 30 países”, apontou, adiantando que, em breve, será colocado em prática no Japão.
No Pavilhão Brasil, o público verificou como funciona o aplicativo.
Programas governamentais
Com a participação ativa da sociedade civil, o Brasil fortaleceu programas de inclusão social, como o Bolsa Família, o maior programa de transferência condicionada de renda do mundo. Mais de 17 milhões de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família são chefiadas por mulheres.
No Brasil, o governo busca, há muitos anos, promover a urbanização inclusiva. Mulheres chefes de família também têm prioridade no recebimento de moradia por meio do programa Minha Casa Minha Vida. E, das 8 milhões de unidades inauguradas desde o início do programa, 90% estão registradas em nome de mulheres.
Rede Nami: https://redenami.com