O Cônsul-Geral do Brasil em Tóquio, Embaixador Guilherme Patriota (foto), escreveu um artigo para o boletim de junho, da Câmara de Comércio Brasileira no Japão.
O tema foi “BRASIL-JAPÃO: PESSOAS, COMÉRCIO, DIPLOMACIA”. Ele destacou o comércio bilateral e a relação humana entre os dois países.
BRASIL-JAPÃO: PESSOAS, COMÉRCIO, DIPLOMACIA
Por Guilherme Patriota
Cônsul-Geral do Brasil em Tóquio
O Japão foi o 10º maior parceiro comercial do Brasil em 2022, perfazendo intercâmbio de bens de quase USD 12 bilhões (superávit brasileiro de USD 1,3 bilhão). Apesar da distância geográfica, os dois países se conhecem de há muito, com investimentos recíprocos, públicos e privados, em áreas estratégicas, como siderurgia, indústria automotiva, eletroeletrônica, alimentos, energia e agricultura.
Para o futuro, Brasil e Japão miram ações conjuntas sustentáveis envolvendo, por exemplo, o hidrogênio verde – fonte moderna de energia baseada em água, que o Japão pretende adotar em larga escala para reduzir emissões e cumprir suas metas na Convenção sobre a Mudança do Clima.
No plano político, a pauta é convergente. O convite do Primeiro-Ministro Fumio Kishida ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva para participar da Cúpula do G7 em Hiroshima (19-21 de maio) reconhece o presidente brasileiro como relevante líder mundial, capaz de contribuir para uma ordem internacional mais pacífica, humana, cooperativa e sustentável. Na companhia de Índia e Alemanha, ambos os países lideram esforço de modernização do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Brasil e Japão são os dois países que mais vezes foram eleitos para servir no referido órgão máximo da ONU, comprovando o respeito que ambos angariam como atores globais responsáveis.
Comércio e diplomacia, porém, não teriam a mesma ressonância na ausência dos laços humanos e valores compartilhados que unem nossas comunidades, nossas nações. Em 2023, celebram-se 115 anos do início da migração japonesa para o Brasil. Graças a esse legado histórico, a maior comunidade nikkei no mundo estabeleceu-se, e prosperou, em solo brasileiro. E no reverso dessa medalha descendentes nipo-brasileiros retornaram ao Japão para trabalhar e viver no país de seus ancestrais. Foram criados assim, nos últimos 35 anos, núcleos comunitários de brasileiros residentes no Japão, que contribuem com a força do seu trabalho e a riqueza de sua cultura para a economia e o multiculturalismo no Japão.
Hoje somos 210 mil brasileiros no Japão, a quinta maior comunidade de estrangeiros e a segunda maior de jovens aqui estabelecidos. A força e resiliência dos nossos nacionais no exterior são motivo de orgulho e razão de ser da extensa presença consular do Brasil em Tóquio, Nagoia e Hamamatsu.
O 115º aniversário da migração japonesa para o Brasil, comemorado em 18 de junho, evoca o rico intercâmbio cultural e os fortes laços forjados entre dois povos unidos pela história. É ocasião para refletirmos sobre as contribuições que cada comunidade migrante propicia tanto ao país que acolhe quanto ao que envia. Que os laços entre Brasil e Japão continuem a florescer e trazer benefícios mútuos para ambas as sociedades!